Desde 2009 que a Federação Internacional de Esclerose Múltipla (MSIF) organiza a nível global um dia dedicado à sensibilização para esta doença. A data é móvel, portanto sempre na última quarta-feira de Maio, e este ano fica a 31 de Maio de 2017. O tema é #LifeWithMS e pode-se ficar a saber mais em www.worldmsday.org e www.spem.pt.
Dou conta que não escrevo há um ano no blog. Quer dizer, já tinha pensado muitas vezes neste “abandono”, mas confesso que estou mais ocupada a “ser” do que a “ter” ou a “partilhar”! Quem me conhece bem sabe o quanto desejei isto do ser a minha vida inteira. Ocupar-me do amor, de mim, sem andar sempre em corridas desesperadas, do encontrar as pequenas alegrias do dia-a-dia com alguém que adoro, em paz, lidando com o que não consigo fazer concentrando no que posso fazer, sem esquecer o meu lado aventureiro e abraçando quando possível a família e amigos. Obrigado a todos os que sempre se lembram de mim. Continuo a ser uma referência, uma inspiração, para muitos, e isso para mim é motivo de muito orgulho e de gratidão, sinal que deixei um bom legado pela causa da EM e para muitas pessoas.
Para este post do Dia Mundial da EM 2017, escolhi partilhar o vídeo fantástico da campanha deste ano, com o Miguel Rocha. O vídeo está realizado de forma maravilhosa, na linda Praia da Barra, com a humildade e garra das palavras do Miguel, que desliza de forma invejável as ondas. O “Migas”, como é carinhosamente chamado pelos amigos e família, é vagueirudo de gema e é nada mais nada menos do que o campeão nacional de Bodysurf. E sim, tem EM. Portanto a vida não são só rosas para ninguém, e por fora não se vêem muitos dos sintomas invisíveis desta e outras doenças, como as dores, incontinência urinária, alterações cognitivas e visuais, dormências, depressão, etc.
O Migas é mais um bom exemplo de que depois do diagnóstico de uma doença crónica há um caminho novo a fazer e que, surpresas e até superação a um nível previamente inesperado, pode acontecer. Ninguém pode ainda prever o que acontece na EM. No entanto, hoje sabe-se bem mais sobre a influência do estilo de vida no percurso da doença, há melhores tratamentos, as equipas da área da saúde sabem mais, pelo que há mais hipóteses de um recém diagnosticado nos nossos dias conseguir domar a dita com mais segurança. A todos os que têm a infelicidade de a doença ser mais agressiva, torna-se necessário que hajam tratamentos mais eficazes. Ainda estamos todos à espera desse dia, de que a EM deixe de ser uma das doenças neurológicas potencialmente mais incapacitantes. Oxalá não esteja muito longe de acontecer.
Concluindo, nem todos podemos ser campeões de alguma coisa. A sociedade é que anda louca para gravar e partilhar esses momentos muitas vezes efémeros. Mas a partilha destas histórias reais de superação são algo a que nos podemos agarrar quando a vida nos dá um valente coice como o diagnóstico da EM ou outro turbilhão. Ficamos inspirados a dar o nosso melhor, aos poucos, com as nossas capacidades. E a pedir mais ajuda. E a aceitar mais ajuda. E é suficiente, porque a verdade é que a vida só por si é que é um milagre.
Só há duas maneiras de viver a vida: a primeira é vivê-la como se os milagres não existissem. A segunda é vivê-la como se tudo fosse milagre. – Albert Einstein
#WorldMSDay #LifeWithMS